Desc: Alfama em Si: Direção de Diogo Varela Silva. Com José Raposo, Isac Graça, Márcia Breia, Pedro Caeiro. Funcionários Municipais, pendurados em escadas, estão a instalar um grande conjunto de câmaras de vigilância no antigo bairro de Alfama. Os moradores percebem com tristeza, com certa nostalgia, que todo um estilo de vida, típico do bairro, está chegando ao fim. Alguns, os mais drásticos, chegam a dizer a todos que “o bairro está morto”. No entanto, essas câmeras são apenas um golpe final. Há muitos anos que autocarros de turismo, cheios de turistas, entregam as suas cargas humanas nas praças e ruas de Alfama. Trouxe uma nova vida ao bairro, mas também pôs em perigo o estilo de vida antigo - e tem mais: a EMEL (serviço público de Lisboa) assumiu o controlo do sistema de estacionamento da cidade; Os Clubes de Fado passam a ter menus em 5 línguas diferentes; o lavadouro municipal é uma relíquia e está prestes a tornar-se museu; as novas gerações vivem em casas seculares mas não conseguem apreciar (nem reconhecer) o antigo costume de falar de janela em janela que, como um mar de gritos de rua, costumava encher a vizinhança com vozes flutuando acima dos transeuntes. É Progresso. O destino pairando, ameaçador, sobre as antigas ruas populares, por onde (ainda ontem), a varina (vendedora de peixe) passava com os seus tamancos, num passo orgulhoso e confiante, virando a cabeça do estivador enamorado. Mas tudo acaba um dia. É inevitável. É o próprio Fado. (Fado também significa destino). Mas o Fado renova-se, recria-se e encontra novos caminhos. Ressurge das cinzas, com novos trajes, mas fiel à sua essência. Isso já foi feito muitas vezes – a história prova isso! O Fado não pode morrer. Nem a vizinhança - ambos são iguais. Alfama: Uma Canção de Bairro acompanha personagens de Alfama, num conjunto de 7 histórias que mostram diferentes aspectos desta morte e renascimento: O guia turístico, obrigado a corrigir a história de Mariquinhas (famosa personagem de um Fado); o casal de idosos que contornou o Amor; o homem desesperado que joga e perde tudo; o presunçoso que pensa saber mais de Fado do que realmente sabe; o batedor de carteiras que pede desculpas por seu ofício; o musicólogo que foi forçado a “engolir” uma opinião contrária; o marginalizado que, agindo à margem da lei, ajuda a preservar o antigo bairro. São 7 histórias, e muito mais Fado. No total, temos apenas uma história: uma realidade social, tantas vezes esquecida, que reúne história, tradição, cultura e gente numa rede emaranhada para a qual nenhum outro nome se adapta melhor do que ALFAMA.